Botho Strauss, trad. Alice do Vale

Trilogia do reencontro


Desde sua polêmica montagem de estreia, em 1977, esta peça de Botho Strauss tem sido motivo de debate, seja pela ausência do drama ou pelo retrato contundente da crise da subjetividade da classe média

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O livro

FICHA TÉCNICA

Gênero Teatro
Formato 14 x 19 cm
Páginas 216 pp.
ISBN 978-85-53092-11-6
Ano de lançamento 2021

No verão de 1975, integrantes de uma associação artísti­ca se reúnem para um vernissage. Ao caminharem pelos corredores da exposição, amigos, casais e desafetos ob­servam não apenas as obras, mas também a si mesmos. Moritz, o diretor do grupo e curador da mostra, que pla­neja abri-la ao público em seguida, tem como empecilho Kiepert, membro importante da associação que pretende impedir a estreia. Essa intenção, embora justificada pela crítica à curadoria, na realidade mais parece ser motiva­da por razões pessoais.

Partindo dessa premissa dramá­tica, bem como da observação das telas dispostas na mostra (sobretudo pinturas pertencentes ao chamado realismo), Trilogia do reencontro tematiza as inter-relações (ou a ausência delas) de indivíduos mergu­lhados em suas próprias subjetividades, espelhando as­sim a fratura dos vínculos pessoais e afetivos de um setor intelectualizado da classe média.

Inspirada em Os veranistas, de Maksim Górki, a peça coloca, ainda, a questão das representações, isto é, das realidades oferecidas pela pintura, pelo teatro, pela fotografia e pela literatura, como seu mote central, construindo, a partir dos diálogos entre os personagens, um tratado filosófico sobre arte e, sobretudo, sobre os realismos.

Inédita no país, o público brasi­leiro passa a ter à disposição um dos textos inaugurais do teatro pós-dramático e da dramaturgia de Botho Strauss que, não obstante o papel que representou para o teatro contempo­râneo, ainda permanece quase desconhecido no Brasil.

O autor

Nascido em 1944 na cidade de Naumburg, Alemanha Oriental, Botho Strauss ligou-se ao teatro desde jovem. Em 1970, iniciou seu trabalho ao lado do diretor Peter Stein no teatro Schaubühne, período em que idealizou e participou da adaptação de uma diversidade de peças de autoria de dramaturgos célebres como Henrik Ibsen, Heinrich von Kleist, Eugène Labiche e Maksim Górki. Em 1975, iniciou sua atividade como autor, que se estende até o presente. Suas três peças iniciais – Trilogia do reencontro  (1976), Gross und Klein [Grande e pequeno] (1978) e Kalldewey, Farce [Kalldewey: farsa] (1981), as duas últimas com montagens brasileiras – retratam o esfacelamento dos vínculos afetivos e a solidão que vivem os indivíduos em um mundo regido pelas aparências. Nos trabalhos posteriores, o dramaturgo passou a se interessar pela releitura de temas mitológicos. É também autor de Um homem jovem (Guanabara, 1987) e A dedicatória (Globo, 1987), entre outros romances. Como homem de teatro, atua em inúmeras frentes, da crítica à produção autoral, perseguindo sempre o ideal de um teatro que vá além da ação dramática e que abra espaço para a representação de novos temas.

Botho Strauss © Ruth Walz